prejuízos

FOTOS: sem pastagens e com pouca água, pecuária sofre com os efeitos da seca

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

A cada ordenha que faz, o agropecuarista Marcos Schuster, 39 anos, percebe uma diminuição na produção leiteira das vacas. Com o pasto acabando, a impossibilidade de replantar por causa da falta de umidade no solo e a ração cada vez mais cara, ele ainda não sabe como vai fazer para alimentar as 26 vacas da propriedade se a estiagem durar mais algumas semanas.

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style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Schuster e outros agricultores da região já contabilizam perdas que chegam a R$ 7,2 milhões na produção leiteira desde dezembro de 2019, quando iniciou o período da seca. De lá para cá, ele percebe uma perda de cerca de 30% a 40% na propriedade que mantém na localidade de Picada 12 de Maio, no distrito de Boca do Monte, interior de Santa Maria. Antes, ele vendia cerca de 650 litros por dia. Agora, são 400 litros. 

- Está preocupante. Os custos estão aumentando, está ficando terrível manter a produção. Fizemos vários hectares de pastagem, que agora está começando a germinar as sementes. Se não chover, tudo vai morrer. Só resta esperar - lamenta.

Por causa da falta de alimento, nas últimas semanas, o pecuarista já vendeu 10 vacas. Ele teme precisar vender mais algumas e diminuir ainda mais a produção. Além disso, corre o risco de ficar sem água para os animais, já que o açude da propriedade está apenas com nível de um metro. Em 39 anos de vida, ele diz nunca ter visto uma seca tão grande.

- Há quatro anos eu lido com venda de leite, e sempre foi muito lucrativo. Sempre tive pastagem sobrando, pensava até em aumentar a produção, construir uma nova sala de ordenha. Agora, com essa seca, se conseguir manter produzindo, já está muito bom - relata Schuster, que, antes de se dedicar à produção leiteira, plantava arroz.

ATIVIDADE CONSIDERADA MAIS SEGURA
Com o fim da colheita das culturas de verão, como soja e milho, a Emater estima que a pecuária pode ser a área mais afetada se a estiagem persistir por mais algumas semanas. Isso porque, sem umidade no solo, é impossível plantar as pastagens que alimentam o gado. 

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Apesar disso, conforme o médico veterinário e extensionista da Emater Ricardo Lopes Machado, a pecuária leiteira ainda é considerada uma área mais segura do que a soja, por exemplo. Ele explica que a estiagem aumenta os custos de produção e diminui a margem de lucro, mas, ainda assim, continua-se produzindo. 

- A gente compara a produção de leite com o salário do mês. Todo mês chega um pagamento pelo que foi produzido, que pode variar um pouco, mas todo mês chega. Na soja, se uma colheita foi ruim, pode se passar o ano todo sofrendo as consequências. É um risco muito alto, porque depois não tem como recuperar - destaca.

Segundo Machado, o principal impacto vem sendo na quantidade de leite produzida pelas vacas, já que, com a diminuição do alimento, há menos nutrientes no animal. Além disso, como muitos produtores estão sem pastagens, precisam comprar mais ração e até silagem de outros produtores, o que encarece a produção.

- Não há uma perda corporal dos animais tão sentida, mas, sim, da produção. Em Santa Maria, em geral, percebe-se uma diminuição de 30% no leite. Esse número só não é maior, porque, geralmente, o pecuarista é bem organizado, tem açudes de água e guarda uma reserva de alimento - enfatiza o extensionista.

*Colaborou Janaína Wille

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